Wednesday, September 12, 2012

Praia do Bonete - Um paraíso com mosquitos



Acabo de voltar da paradisíaca IlhaBela-SP e estou escrevendo este post com pequenas pausas para coçar as picadas de "borrachudo" que levei durante a viagem. Mas tudo bem, acho que assim que a coceira passar ficarão só as boas lembranças, que foram muitas.

Decidimos conhecer um canto da ilha chamado Bonete, uma pequena praia com um vilarero de pescadores, que segundo a lenda são descendentes de um náufrago de um Navio Pirata Europeu. Histórias a parte, o lugar é um espetáculo.

Existem duas formas de chegar em Bonete:

  • Pelo mar - Alguns marinheiros te levam em pequenas lanchas por aprox. R$120,00 para duas pessoas. É possível agendar esta travessia com algumas das poucas pousadas do Bonete. Nós ficamos em uma chamada Porto Bonete. Dependendo das condições do vento não é possível fazer a travessia de barco.
  • A pé - Existe uma trilha que pode durar de 4 a 5 horas e vocë chega andando a praia do bonete.
A trilha...


Não deve ser difícil imaginar que escolhi a trilha para chegar a praia de Bonete. Primeiras dicas, não subestime os alertas sobre os mosquitos, faça esta trilha de calça comprida e camisa manga lona e não economize no repelente. Os borrachudos estão por toda a parte e nesta trilha e eles são impiedosos, mesmo com repelente levamos umas dezenas de picadas. 





Existem três cachoeiras na trilha, a primeira é a mais legal, dá pra dar um mergulho e até escorregar em umas pedras. O visual é tão bonito que você ignora a água fria e pula, em alguns minutos você quase congela e então sai da água e os mosquitos te atacam enquanto você se apressa para se vestir e reforçar o repelente. Mas vale a pena, o banho é energizante e vai por mim, você vai precisar.

A trilha é super pesada, o caminho é todo acidentado, existem muitas subidas e trechos escorregadios. Se não gosta de exercícios ou está muito sedentário considere não ir por este caminho. Se decidir se aventurar comece cedo para não pegar a trilha a noite, pois nós levamos quase 4 horas (com pausas) para concluí-la.


Eu rastrei a trilha com um aplicativo do Iphone, olha só:




Praia do Bonete...

Quando conseguimos avistar a praia de bonete começamos a entender porque muitas pessoas se aventuram para chegar neste lugar tão isolado, é uma paisagem composta de montanhas, rios, rochas e árvores na praia.





Dica número 2, se você precisa de uma boa estrutura turística Bonete porde não ser uma boa opção. O pequeno vilarejo possui apenas 270 habitantes, uma igreja católica e duas envangélicas, uma venda e dois telefones públicos, celular? nem sonhe. A energia vem de um gerador que para de funcinar as 22h00, racionar é preciso. Existem apenas 3 pousadas e um menu único na vila com poucas variações combinando arroz, feijão e anchova.  Não quero ver anchova por um bom tempo !


Por outro lado os moradores são super simpáticos e caprichosos, as ruas de terra batida e os quintais estão sempre limpos. Quando você não avista o mar a impressão é de estar na roça, tem muito verde, cheiro de terra, cachorros correndo atrás das galinhas na rua, beija flores por todo lado. Os que saem de casa a noite usam suas lanternas para guiá-los e o jantar é sempre a luz de velas e ao som dos grilos, romântico não fossem os mosquitos.

O que fazer em Bonete...

Uma opção é fazer Nada, que seria muito bom não fossem os mosquitos te atormentando, então melhor se mexer. Em 30 minutos você ja percorreu todo o vilarejo, mas se além de relaxar na praia você gostar de atividades dá pra fazer alguns programas.

Surfistas encaram a trilha com suas pranchas para surfar em Bonete, a praia é conhecida por ter boas ondas, mas este não foi o caso, o mar estava relativamente calmo, mesmo assim arrisquei umas brincadeiras com uma prancha para iniciantes. 




A conselho da Mariana (gerente da nossa pousada)  programamos um passeio de barco com um marinheiro caiçara nas praias vizinhas, foi uma das melhores coisas que fizemos, os lugares são lindos.  Aproveitamos para mergulhar com um snorkel e como a região é bem rica e preservada conseguimos ver vários peixes, algumas arraias e até um pinguim perdido (coitado). Também vimos tartarugas no barco.
Se o mar estiver calmo você pode alugar um kayak na pousada Canto Bravo, nós ficamos 1h30m remando foi um bom exercício.



A praia do Bonete é quase exclusiva, em vários momentos eu era o único nela, então aproveitei para começar alguns dos meus dias com uma corrida na areia.

O único lugar onde você pode ter uma refeição diferenciada (alguma coisa mais elaborada com Anchovas) é a pousada Canto Bravo, eles vão te proporcionar uma ótima experiência com um menu simples e honesto por R$43,00 ( entrada + prato + sobremesa, eles também possuem uma boa carta de vinhos).

Última dica, termine a noite vendo as estrelas na praia ao som das ondas do mar, o fato da vila quase não ter luz faz você conseguir enxergar muita coisa, é fácil ver estrelas cadentes, incrível!


A volta....

Depois de 4 noites isolados da civilização, decidimos voltar com o barco para o outro lado da ilha e tivemos uma ótima supresa para finalizar a viagem, além de muitas tartarugas avistamos uma baleila. Sim, “o melhor é quando vamos pra Baleia” By Nissim Ourfali.

Energias renovadas, muitas marcas de borrachudo e pronto para o batente !

Mais fotos

Até o próximo post.


Sunday, February 26, 2012

4 dias bem sobrevididos na Amazônia

Sempre que encontro estrangeiros uma pergunta comum é: você conhece a Amazônia? A minha resposta sempre foi NÃO. Refletindo um pouco mais, acho que nunca havia nem pensado nesta possibilidade. Infelizmente esse desconhecimento e falta de interesse sobre nosso patrimônio Amazônia é muito comum, e isso me faz pensar que muitas pessoas que estão fora do Brasil estão muito mais ligadas e preocupadas do que nós brasileiros.

Bom, este carnaval resolvi fazer algo diferente, enquanto todos se programavam para pular os carnavais do Rio, Salvador ou interior de Minas, eu decidi finalmente conhecer a Amazônia. Meus amigos mais próximos sabem que nunca me interessei muito por multidões, música de má qualidade, gente bêbada, etc..Ou seja, escolher a floresta como meu destino para o carnaval foi fácil.

Ao iniciar a programação da minha viagem eu logo descobri um dos motivos de muitos brasileiros não conhecerem a Amazônia, tudo o turismo por la é muito caro, os preços são para gringos. Encontrei passagens a R$900,00 (buscando com um mês de antecedência) os hotéis de selva quase todos cobrando mais de R$300,00 a diária (tudo bem que algumas atividades estavam incluídas). Depois de vasculhar muito na internet e achar tudo muito confuso, acabei decidindo ficar no Ecopark por R1300,00 duas noites (3 dias) com tudo incluído, refeições (sem bebidas), transporte e diversas atividades.

Peguei um vôo de São Paulo e depois de ~3h30 estava na cidade de Manaus, como cheguei a noite eu reservei uma diária no Hi Hostel Manaus. O lugar é simples, mas decente e pelo valor não posso reclamar, paguei R$30,00 para ficar num quarto privativo com ar condicionado. :)

Praia do Ecopark
Primeiro dia, o pessoal do hotel me buscou no albergue e me levou para o ponto de partida do encontro das águas, um fenômeno interessante onde os rios Negro e Amazônas se encontram, mas não se misturam. É interessante, mas fui num barco muito devagar, demoramos 6 horas para ir e voltar. Só cheguei no hotel no fim da tarde, confesso que estava preparado para levar picadas de pernilongo, passar calor e dormir em lugares desconfortáveis, mas fiquei surpreso com o hotel, é realmente fantástico, uma infraestrutura impressinonante.  A comida era ótima, eu que não sou muito fãn de peixe, comi todos os dias.


Boto Cor-de-Rosa
No segundo dia fui nadar com os botos cor-de-rosa, dica: tente ir com grupos pequenos, muitas pessoas nadando ao mesmo tempo acabam assustando os simpáticos bichinhos. Depois visitamos uma tribo indígena que fizeram algumas demostrações de dança e instrumentos. No fim da apresentação os índios nos convidam para dançar com eles, eu fui escolhido para dançar com uma adorável indiazinha. Foi muito curioso esse contato com nosso povo nativo, pensar em como eles viviam,  que sou um descendente, todo o conhecimento medicinal que eles possuem. Como seria sem a colonização?





No fim da tarde ainda visitamos uma reserva de macacos e a noite fizemos o que eles chamam de focagem de jacarés, nada mais é que sair com o barco a noite e com uma lanterna tentar encontrar os jacarés no rio, assim como os gatos quando a luz bate nos olhos do jacaré eles brilham então sabemos que o danado esta alí. Não  vimos muita coisa, até porque estava chovendo, mas navegar com o barco a noite entre os igarapés é interessante, o silêncio, escuridão e a aparência frágil do barco provoca uma certa adrenalina (para não dizer medo).


No terceiro dia fizemos uma caminhada na floresta com nosso guia (um indígena engraçado e contador de histórias) foi interessante, mas estávamos as margens do rio Negro onde a fauna é muito menor que no rio Amazonas, então não vimos um animal sequer. A tarde fizemos o check-out no hotel e seguimos de volta para Manaus onde passei mais uma noite. Aproveitei para conhecer um pouco da cidade, que a princípio é um pouco chocante, o centro é muito sujo e feio, mas existem algumas coisas legais para visitar como o teatro Amazonas. Dá pra imaginar um teatro destes no meio da "floresta" a 100 anos atrás? Fiz um 360 de uma sala teatro, dê uma olhada no luxo (clique e depois arraste o mouse para ver):


No quarto dia, fiz uma escalada em uma árvore de 30 metros com a empresa Amazon Tree Climbing, a atividade é cara (R$240,00) , mas é original e divertido se você gosta de exercício e não tem medo de altura. Essa foi a única atividade mais "radical" que encontrei, infelizmente, a amazônia possui um turismo só de observação, eu esperava encontrar atividades como bike, kayak, etc..mas não encontrei!

Escalada em uma árvore de 30 m
Na tarde do meu último dia visitei o instituto de pesquisa IMPA e o zoológico do SIGS, onde pude observar alguns animais em extinção como o peixe boi, onça pintada e as simpatícas preguiças.

Eu foi isso, fiquei muito satisfeito com minha viagem, ao contrário do que muitos dizem, existem sim muitas atividades e coisas interessantes pra ver.  Os amazonenses são pessoas acolhedoras, humanas, simpáticas e sempre de bom humor, foi bom entender um pouco mais sobre a cultura local, seu modo de vida e princípios.

Eu particularmente gostei muito do contato com a natureza e os animais, comi muito bem, os peixes são deliciosos e os sucos também, minha única dificuldade era em lembrar todos aqueles nomes, taperebá, tucumã, tucupi..parece tudo igual ! rs
Bom, depois de 4 dias relaxando na Amazônia, energias renovadas ! Então é hora voltar para o ritmo frenético de trabalho em São Paulo e Rio.

Mais fotos e vídeos da viagem (clique para ver maior):


Até o próximo post !